Bank as a Service: novo modelo de negócio ganha espaço no setor financeiro
Entenda como Bank as a Service, conceito ainda recente no Brasil, vem ganhando espaço no mercado financeiro atual.
Diversos setores ingressaram em uma jornada digital e o bancário não poderia ser diferente. Isso porque o interesse de consumidores em serviços mais convenientes e disponíveis 24/7 só tende a aumentar. A exigência é por um maior controle e autonomia, além de quebra de barreiras geográficas e limitações de horário de funcionamento.
Dessa forma é natural que as empresas busquem novas maneiras e formatos de oferecer serviços financeiros ao seus clientes, de preferência sem precisar lidar com todo o investimento e esforço operacional. A partir desse pensamento Bank as a Service (BaaS) é uma alternativa a ser levada em conta. Por outro lado, bancos que possuem seu core bancário disponível através de APIs e com capacidade operacional ociosa podem rentabilizar esta capacidade ociosa disponível que, até então, estava simplesmente gerando despesas.
O que significa BaaS ?
O BaaS permite que startups, fintechs e demais empresas possam oferecer serviços financeiros aos seus clientes, sem a obrigação de operar como uma instituição bancária. Logo, serviços como cartão de crédito, pagamentos de contas, transferências, saques e depósitos, antes oferecidos exclusivamente por bancos, podem ser oferecidos por qualquer empresa. Basta uma conta digital e um cartão integrados a um aplicativo, para que o usuário tenha acesso a uma experiência completa de banco digital.
Sem contar com o auxílio de uma plataforma de BaaS, criar e gerir uma rede de meios de pagamento tal qual um banco digital pode se tornar uma tarefa complexa demais para outras organizações, já que isso envolve: fechar acordos comerciais, lidar com licenças e regulamentações, ter expertise para administrar um banco e saber se relacionar com a bandeiras.
Todas as operações citadas acima poderiam levar muito tempo e apenas seriam rentáveis no caso de serem realizadas em larga escala, logo fica a cargo do BaaS a responsabilidade por quaisquer interações com órgãos reguladores em função de sua licença.
Como funciona na prática o BaaS?
É no ambiente digital que se dá principalmente a experiência do cliente com o BaaS. No modelo de BaaS, a instituição financeira fornece um conjunto de APIs públicas, normalmente por meio de um portal acessível a desenvolvedores registrados. Tais APIs serão responsáveis pela comunicação entre o software do banco e os de terceiros e a partir delas que desenvolvedores independentes, fintechs, instituições não financeiras conseguem acessar as diversas das funcionalidades de um banco, criando seus próprios recursos em cima dos já existentes
Logo, trata-se de uma integração direta de serviços digitais de bancos licenciados aos produtos de outras empresas não bancárias, o que garante a organização em questão a oportunidade de ofertar tais serviços, sem ter de adquirir uma licença bancária própria.
Este ambiente, usualmente está disponível através do modelo Plataform as a Service (PaaS) implementado por nuvem híbrida, ou seja, conta com parte dos serviços em nuvem privada e demais em nuvem pública. O resultado é uma aceleração na entrega de novas aplicações de negócio em parceria com terceiros, aumentando o consumo destas APIs públicas.
BaaS em ação
Ainda uma novidade e algo a ser desenvolvido em muitos países, o BaaS já uma realidade para algumas das instituições financeiras mais importantes do mundo como o banco americano Bancorp, que através do seu investimento em BaaS conseguiu suportar 75 milhões de cartões pré-pagos e realizar mais de 100 parcerias com instituições não bancárias os que o utilizam para serviços financeiros.
Já o banco digital alemão, Fidor Bank, fundado em 2015, segue um modelo de Open Banking (Fidor Operating System), permitindo que desenvolvedores e outros bancos consumam sua API e desenvolvam novos serviços a partir de suas funcionalidades.
Autodenomida uma empresa de tecnologia com licença bancária, a startup alemã solarisBank possui tal licença desde 2016. Sediada em Berlim, a empresa oferece uma plataforma BaaS, garantindo aos seus clientes acesso a serviços financeiros white label totalmente digitais por meio de seu conjunto de APIs RESTful.
Outra menção notável é Treezor, principal plataforma bancária da França. Uma das líderes de mercado do modelo BaaS, a Treezor conta com uma plataforma baseada 100% em API e com mais de 500 mil cartões emitidos e mais de 5 bilhões de euros em fluxo de caixa desde a sua criação em 2016. A empresa permite que seus parceiros ofereçam aos seus clientes serviços como transferências bancárias, transferências P2P, gerenciamento de contas, carteiras digitais, aquisição de cartões físicos e virtuais de crédito e débito e contas bancárias internacionais.
Apesar de grande quantidade de instituições financeiras que oferecem BaaS serem americanas ou européias, o Brasil apresenta soluções BaaS como a do Banco Topázio. A instituição oferece soluções para câmbio e emissão de câmbio, além de ser sido mencionado na pesquisa Liga Insights Open Banking, estudo que tem como objetivo analisar como iniciativa de Open Banking está sendo vista no país.
O que BaaS tem a oferecer?
Viabilizar produtos e serviços financeiros com auxílio do BaaS de fato acarreta em mais agilidade nas operações assim como uma redução na burocracia. Entre os principais benefícios do BaaS, é possível citar:
Oferta de serviços financeiros sem a necessidade de se tornar um Banco
Empresas e fintechs podem oferecer serviços anteriormente disponibilizados apenas por bancos com as mesmas funcionalidades e padrões de segurança, focando na jornada do cliente sem se preocupar com o core bancário utilizado, ganhando tempo e agilidade.
Plataforma personalizável
Os produtos e serviços financeiros disponíveis aos clientes podem ser personalizados o de acordo com o modelo de negócio.
Segurança dos dados
As informações processadas via APIs são seguras e confidenciais, graças às regulamentações específicas e tecnologias.
Além disso, há a da figura do cliente. A partir do BaaS é possível a conquista de novos clientes através do aumento do portfólio com serviços financeiros e uma melhor compreensão do consumidor por meio de dados captados pelo BaaS.
Panorama brasileiro de serviços financeiros
De acordo com Pesquisa FEBRABAN de Tecnologia Bancária, realizada pela Federação Brasileira de Bancos, somente no ano de 2018 foram abertas 2,5 milhões de contas bancárias pelo celular, o que representa um crescimento de 56% em relação a 2017. Já o número de contas que utilizam mobile banking saltou de 57 milhões para 70 milhões.
O crescimento na oferta de serviços digitais é significativo, já que evidencia a preocupação de bancos em ampliar e facilitar o acesso de seus clientes aos serviços. Um dos motivos que levam a desistência em abrir uma conta em um banco tradicional e optar por bancos digitais são as elevadas tarifas e juros. Segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares feita pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o gasto com tarifas bancárias aumentou 150% em 10 anos e chegou a R$ 427 por mês, ou seja, 1,6% do orçamento da família.
Dessa forma, empresas e fintechs buscam se adaptar a esse novo cenário brasileiro e as mudanças dos hábitos dos clientes como passar a gerenciar as finanças através de serviços online ou migrar para um provedor não tradicional de serviços bancários. O BaaS surge como uma modelo de negócio que colabora nessa empreitada por soluções financeiras únicas e exclusivas.
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