A sociedade atual gradualmente tem se tornado mais digital e as APIs tem uma boa parcela dessa responsabilidade fazendo com que o mundo físico e o virtual fiquem ainda mais conectados. A partir disso surgem novas oportunidades de produtos e serviços.
Conforme abordei no meu artigo anterior sobre as oportunidades de monetização, as APIs permitem que as empresas tenham uma maior rentabilidade através da construção de ecossistema de parceiros e clientes, expansão da marca, coleta de métricas, geração de insights e criação de uma arquitetura de TI ágil e integrada. Tudo isso por meio da monetização de suas APIs, que pode gerar receitas direta ou indiretamente. A seguir os principais modelos usados para monetizar APIs:
1. Modelo de Receita direta
A captura de receita ocorre por meio de uso direto de APIs. Nesse modelo é cobrado dos consumidores um valor equivalente a um número de chamadas feitas, ou seja, pelo número de vezes que uma API é acessada, podendo ser um valor fixo ou não. Esse modelo é muito utilizado por empresas que oferecem serviços através de SaaS (Software as a Service).
Os principais modelos utilizados para receita direta via APIs são:
O desenvolvedor paga para utilizar uma API, seja por requisição ou mensalidade, que deverá prover a ele valor de uso ou a chance de conseguir receita de seus usuários.
O desenvolvedor recebe incentivo para usar a API, já que o uso dela é importante demais para seu provedor, podendo receber por chamada ou até mesmo uma comissão do valor total transacionado.
Gigantes como Google e Amazon obtém parte de sua receita por uso direto de suas APIs. O serviço da API do Google Maps é gratuito, porém há um limite em torno de 2500 chamadas de graça por dia. Tal quantia pode parecer significativa, mas não para empresas de grande porte, o que faz com que o Google venda pacotes de chamadas de APIs.
O Amazon Web Services (AWS), serviço de nuvem da Amazon, também é um exemplo de estratégia que cobra por chamadas, nesse caso chamadas do tipo “pay-as-you-go”, o que significa que o desenvolvedor paga proporcionalmente pela quantidade de APIs que ele usar. Normalmente, o valor é calculado levando em consideração o número de chamadas de APIs ou volume de dados utilizado.
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Outras variações comuns de receita direta são:
Freemium: permite a experimentação do serviço sem gerar custo no momento da implementação ou até mesmo durante o início do negócio. Muitas vezes são oferecidos recursos básicos, logo para acessar recursos mais avançados é cobrada uma taxa ou um valor percentual.
Tiered: o desenvolvedor não paga por transação individual, mas por volume de transações, sendo que ele pode optar por usar desde recursos básicos a mais avançados.
2. Modelo de Receita indireta
Nesse modelo de receita as APIs são oferecidas gratuitamente, ou seja, o rendimento ocorre por outros meios. Ela é a forma mais comum para um retorno estratégico e interno. As APIs são utilizadas, por exemplo, para conseguir insights analíticos ou melhorar o desempenho no mercado. Google, Facebook e Twitter são algumas das empresas que obtêm receita indireta por meio de APIs gratuitas em suas plataformas.
Outro viés de como uma API pode gerar lucro indiretamente é por meio de Marketplaces, quando são utilizadas para ampliar ou construir canais de distribuição potencializando assim as vendas da empresa. No Brasil há exemplos de Marketplaces assim como Nova Pontocom e Mercado Livre.
No caso da Nova Pontocom (Grupo Pão de Açúcar), a empresa responsável por gerenciar marcas como Ponto Frio, Extra e Casas Bahia desenvolveu uma plataforma de Marketplace, na qual seus lojistas podem vender seus produtos por meio do e-commerce de suas marcas.
A monetização de APIs também está presente nos meios de pagamento. Plataformas como Cielo e Pagar.me permitem a execução de pagamentos e transferências através de suas APIs sem que seja preciso sair do site da loja ou do fornecedor do serviço. As empresas ganham desse modo um percentual de cada transação por cartão.
O programa de afiliados é um ótimo exemplo de geração de negócios via APIs. A Amazon Associates dá permissão para que o usuário coloque em seu website ou aplicativo dados de produtos relevantes para seu público-alvo e os redirecione para a plataforma da Amazon. Caso a venda seja realizada, a comissão pode ser de até 10%.
Redução de custos também é monetizar APIs
Uma das maneiras de melhorar a receita de uma empresa é reduzindo os custos. O modelo Multi-Device é um exemplo disso. Através dele o usuário consegue assistir suas séries e filmes da Netflix usando um iPad, Samsung Smart TV ou Playstation, uma vez que tais dispositivos apresentam acesso ao mesmo conjunto de APIs.
Atualmente, muitas empresas focam no desenvolvimento de uma boa interface visual para seus aplicativos móveis, mas é preciso também atenção aos seus sistemas internos, uma vez que seus dados e transações são realizados por esses sistemas. Aplicativos móveis só podem ser desenvolvidos por completo quando há preocupação com a forma como os dados e serviços são expostos.
Empresas varejistas utilizam essa abordagem em estratégias de omni-channel, na qual a empresa possui um website, aplicativo móvel para os consumidores e parceiros na cadeia de valor, todos com acesso às mesmas APIs.