Entenda por que plataformas digitais são o futuro dos negócios
Muito se fala a respeito de uma nova economia, isto por que ela cada vez mais tem encontrado apoio na tecnologia. Big Data, Cloud Computing, IA, APIs são alguns exemplos de ferramentas que tem alterado a economia e influenciado no surgimento de novos modelos de negócios. Uma das economias que mais tem se desenvolvido nos últimos anos é a de plataformas.
Atualmente as plataformas digitais se colocam à frente da inovação e de soluções que melhorem a eficiência e o valor de importantes empresas do mundo. Tamanha é a alteração na dinâmica da economia que muitos players já maduros no mercado compreenderam a importância de sua criação.
Dentre as maiores empresas do mundo, a maioria pertence à nova economia e segue esse modelo. Logo, diversas organizações alteraram a lógica de seus negócios, dando maior atenção à experiência de marca e à interação com o consumidor.
Facebook, Airbnb, Uber, Google e Amazon são algumas empresas de grande valor de mercado que já possuem um modelo de negócios apoiado em plataformas. Elas utilizam o poder da tecnologia para conectar pessoas e recursos de maneira colaborativa e disruptiva.
A adoção de um modelo de plataforma - como a Amazon com seu mercado, a Apple com sua appstore ou o Alibaba desde o nascimento - deve significar uma grande melhoria nas métricas de desempenho financeiro. É por isso que você nota empresas de automóveis investindo em carona ou em outros modelos de negócios de plataforma.
O Uber, por exemplo, não fabrica carros, mas intermedia a relação entre motoristas e passageiros. Já o Airbnb – que surgiu como um Bed & Breakfast online – possui a maior oferta de quartos do mundo sem ter nenhum hotel.
Mas o que é de fato uma plataforma digital?
De forma geral, trata-se de um modelo de negócio que conecta pessoas e promove interações através de diferentes tecnologias. Muitas delas buscam potencializar ao máximo o encontro da oferta e demanda. Mas além de permitir a relação de compra e venda, esse ambiente virtual é utilizado para trabalho e entretenimento.
Sua infraestrutura, na maioria das vezes, é suportada por recursos de Big Data, Cloud Computing e APIs. Estas tecnologias têm modificado os parâmetros de mercado em larga escala e se tornaram uma tendência global.
Um dos maiores princípios das plataformas é a conexão de pessoas e empresas, buscando gerar valor com esse relacionamento. Sendo que tal valor evolui de acordo com as necessidades e desejos do usuário, logo ele não é algo estático.
Isso fez com que modelo unilateral de negócios abrisse espaço para um novo parâmetro, um direcionado não somente para a economia, mas para a sociedade de forma geral.
Desse modo, vale concluir que a plataforma digital age de forma multilateral, pois promove interações em busca da criação de valor, sendo que este é pautado atualmente em informações. É através de recursos tecnológicos e da ciência de dados que as informações são disseminadas e assim as negociações realizadas.
A entrega de valor por parte das plataformas digitais aumenta juntamente com o chamado “efeito de rede”: quanto maior a quantidade de interações, mais vantagens os membros da plataforma digital recebem. Esta lógica de negócio também é conhecida por “matchmaker”. Plataformas como Facebook, Linkedin, Instagram dão sugestões aos usuários de novas conexões baseando-se em variáveis como fatores críticos de “matches” bem-sucedidos.
A tendência de plataformas digitais tem sido discutida e comprovada nos últimos anos. Em 2017, as elas foram um dos principais temas do Gartner Symposium, um dos eventos de tecnologia e estratégia mais importantes do mundo. Nele as plataformas digitais foram destacadas, ao lado da IA e de experiências imersivas transparentes, como uma das megatendências para os próximos anos.
Segundo o Gartner há uma necessidade real de evolução do cenário de TI, para que ele possa dispor de uma plataforma digital ágil, event-driven e com arquitetura baseada microserviços e assim suporte a integração de sistemas com novas tecnologias, experiências omnichannel e ações orquestradas no ecossistema.
Como sería uma plataforma de sucesso?
Uma plataforma bem sucedida, normalmente apresenta as seguintes características:
Modelo de negócios apoiado em tecnologia;
Facilitador de trocas e interações de um ecossistema de negócios;
Modelo baseado em efeito de rede;
Possui escalabilidade para atender um grande volume de clientes;
Proporciona uma ótima experiência para usuário final;
Apresenta conectividade externa (geralmente compartilha dados por meio de APIs, sendo estas usadas por desenvolvedores e empresas terceiras, permitindo o desenvolvimento de novos serviços.)
É preciso destacar que as APIs são elementos importantes que viabilizam o modelo de plataformas, já que as APIs atuam como interface de conexão interna e externa. Mais do que interfaces para o back-end, as APIs habilitam negócios digitais. Através delas é feita a conexão entre serviços internos, aplicações para clientes, sistemas de analytics e dispositivos de IoT com parceiros externos do ecossistema.
Segundo o estudo da Mckinsey, as APIs irão redistribuir U$ 1 trilhão da economia existente, isso devido ao efeito da economia das plataformas. Duas grandes empresas de que se beneficiaram do avanço e evolução das plataformas digitais foram o iFood e Rappi, ambas do ramo delivery. A dupla de aplicativos compõe um setor em crescimento nos últimos anos no Brasil. Entregas de comida por celular representam quase um quarto do total de pedidos desse tipo em 2018, de acordo com o levantamento do Instituto Foodservice Brasil (IFB).
O iFood se enquadra nos aplicativos mais baixados em sua categoria na Appstore, tendo se tornado um unicórnio (startups que adquire valor de mercado na casa de um US$ 1 bilhão) em 2018, recebendo um aporte de US$ 500 milhões de fundos de investimento. Da mesma forma o aplicativo colombiano Rappi se configura como um unicórnio. Após receber um aporte US$ 200 milhões, liderado pelo DST Global e Tiger Global.
O maior intuito do Rappi é ser tornar um Super App, uma vez que sua plataforma reúne diversas funcionalidades em um único lugar. O aplicativo colombiano permite entregas de supermercados farmácias, lojas de eletrônicos, serviços de beleza, sendo possível até contratar uma diarista. A criação do RappiPay, sistema de pagamentos da empresa, também fortaleceu ainda mais a plataforma.
Outro dado que comprova a força da economia de plataformas e por consequência de seus respectivos aplicativos é que só em 2018 os consumidores realizaram 194 bilhões de downloads de aplicativos em todo mundo, de acordo com o App Annie. Entre 2018 e 2019, a quantidade de downloads dos 5 maiores aplicativos de food delivery em cada país mais que dobrou, só na Índia aumento foi 900%.
Os benefícios das plataformas digitais
Ao mesmo tempo em que conectam pessoas a serviços de forma dinâmica, as plataformas digitais conseguem otimizar o tempo. Para as empresas isso representa uma boa vantagem em um mercado competitivo.
Os benefícios que surgem a partir da adoção de plataformas acarretam em uma intensa transformação nos negócios, isso porque estamos falando de um ambiente online, no qual as respostas são mais rápidas e a reação das empresas também precisa acompanhar esse padrão.
Uma das primeiras vantagens está relacionada às exigências de mercado, já que há mais consumidores digitais e as compras online tendem a crescer. Segundo o 38º Webshoppers, do Ebit/Nielsen, o e-commerce brasileiro obteve um faturamento de R$ 23,6 bilhões no segundo semestre de 2018, o que representa um crescimento de 12,1% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Já em 2019 o aumento foi ainda maior. De acordo com a 2ª edição do relatório NeoTrust o e-commerce brasileiro cresceu 22,7% em relação ao ano anterior, faturando R$ 75,1 bilhões.
Além disso, se levarmos em conta todo o processo de operações de um negócio online, as vantagens de uma estrutura tecnológica são muito atrativas.
Entre os principais benefícios de uma plataforma digital é possível citar:
Diminuição de custos: não há necessidade de espaços físicos ou de uma grande quantidade de funcionários;
Maior alcance de clientes: a internet permite o atendimento de um número bem maior de pessoas;
Melhor relacionamento empresa-cliente: relação deixou de ser bilateral;
Processos automatizados: tarefas manuais passam a ser automatizadas
Mais velocidade: quando a plataforma agrega muito valor ao seu ecossistema, o efeito de rede funciona como um acelerador do crescimento.
Antes de começar a pensar em todas as estruturas e tecnologias relacionadas a sua plataforma, há três aspectos determinantes do ponto de vista de qualificações essenciais aos proponentes de iniciativas deste tipo.
1. Mindset Digital
Soluções que se baseiam em plataformas digitais necessitam de modelos mentais que favoreçam toda a experiência e conhecimento dos responsáveis pela lógica da criação de valor para usuários. Além disso, tais soluções devem estar relacionadas a um modelo de negócio que reconheça e ampare estas alterações, assim como as conexões emergentes nos ecossistemas dos quais fazem parte.
2. Cultura de inovação
A criação de valor dentro da atual economia digital encontra suporte principalmente na cultura de inovação. Quando uma plataforma é bem desenvolvida e mapeia de forma eficiente a jornada do cliente e usuário, as possibilidades de entrega de valor aumentam. É a busca contínua pela inovação que expande as chances de diferenciação, tendo em vista que o desenvolvimento de plataformas digitais está disponível de forma ampla, permitindo concorrência.
3. Visão centrada no usuário
A partir das plataformas, a criação de valor ocorre de “fora para dentro”, isso significa que o usuário e suas demandas serão privilegiados durante execução das estratégias. Isso difere da gestão de pipelines tradicionais, pois as plataformas digitais implicam em uma visão voltada para a jornada do usuário, suas necessidades e dores.
As plataformas se consagram como uma das grandes protagonistas da transformação digital no mundo dos negócios. Esse modelo de negócios proporciona a disrupção e novas oportunidades a diversos segmentos.
A economia de plataformas não trata apenas de empresas que estão surgindo agora no mercado, mas de outras que veem nas plataformas digitais uma ferramenta que garante a elas lutar pela liderança em negócios tradicionais. O Walmart pode ser visto como um exemplo. A empresa realizou investimentos pesados em dados, norteando o modelo store-as-a-platform.
Já a Nike tem migrado cada vez mais para a economia de plataformas, buscando conectar corredores aos seus tênis. Atualmente ela não é mais uma marca com foco em produtos tangíveis, mas fortalece seu relacionamento com os clientes, conectando-os através de uma grande comunidade que gira em torno de aplicativos, oferecendo informações e dicas sobre o rendimento esportivo de cada usuário.
Seguindo essa lógica, as plataformas representam estruturas digitais que progressivamente vem atraindo empresas e fazendo com que estas introduzam plataformas nos seus modelos de negócios tradicionais.